A startup de jornalismo De Correspondent, lançada na Holanda há menos de um mês, diz ter arrecadado mais de 1 milhão de euros via crowdfunding (financiamento coletivo) de mais de 15 mil pessoas em apenas 8 dias. São cobrados 60 euros pela assinatura anual do veículo, cuja proposta, de acordo com os criadores é um “jornalismo online de qualidade” com conteúdo profundo e analítico. O jornal online será lançado em setembro deste ano.
O modelo de negócios do De Correspondent não conta com nenhum tipo de publicidade. A aposta é fidelizar o leitor/assinante oferecendo conteúdo totalmente diferenciado dos demais jornais, em termos de qualidade e isenção. Os criadores Rob Wijnberg e Harald Dunnink (ambos jornalistas) prometem que o veículo não seguirá qualquer ideologia política, mas “ideais jornalísticos”, além de trazer escritores renomados no mercado internacional.
Sucesso absoluto?
O aparente sucesso imediato do De Correspondent pode encher os olhos, mas é preciso calma. A ideia de trazer conteúdo isento, analítico e profundo numa interface limpa bancado exclusivamente pelos leitores realmente é boa. Mas enquanto esse jornal online, que também vai contar com aplicativos móveis e notícias diárias, não estrear, não podemos dizer que ele deu certo.
O custo para bancar um projeto digital com a pompa que prometem é alto. Pagar profissionais altamente especializados produzindo reportagens profundas diariamente, manutenção de toda a estrutura digital (apps, site, etc), além de outros trabalhadores, não deve sair barato.
Para ganhar mais assinantes e sobreviver nesse cenário digital, a startup holandesa deverá se desbravar. E me peguei pensando sobre algumas barreiras (e oportunidades) a serem avaliadas:
- SEO: com o conteúdo barrado por paywall (assinatura), internautas que “caírem” no site via buscador tem que encontrar algo MUITO atrativo para querer pagar pelo acesso. A startup vai sequer investir em SEO?
- Mídias Sociais: o “jornalismo de qualidade” proposto por esses holandeses tem árduas missões na web social. Despertar o interesse do leitor em compartilhar o conteúdo não é tarefa fácil, e de modo a atrair novos assinantes por esse meio, então, é um desafio. Qual será a postura do jornal nessas mídias?
- Boca a boca: ironicamente, um veículo 100% digital cercado pelas mais novas tecnologias vai depender (e muito) da maneira mais antiga de propaganda: o boca a boca. Em vista dos obstáculos naturais de compartilhamento online do conteúdo restrito, a indicação pessoal dos leitores será determinante para angariar novos assinantes.
E ai, será que o De Correspondent vai para frente, ou é só fogo de palha? Veremos. “Obstáculo” e “oportunidade” começam com a mesma letra.
Tem algo a dizer sobre essa startup jornalística? Conte pra gente nos comentários!
É formidável ver novas propostas e empreendimentos de jornalismo surgindo. E por falar em empreendedorismo, confira essas 10 dicas para começar seu negócio de jornalismo digital.
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